terça-feira, 27 de abril de 2010

FÉ, TRABALHO E COLHEITA

“Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes”. Pra quem não se recorda, faço questão de lembrar: a referência deste versículo é Salmo 126.6, texto, por sinal, belíssimo e que será o versículo tema para nossa reflexão de hoje. Atentemos para suas lições.

O texto escrito pelo salmista o qual, provavelmente, viveu nos tempos do cativeiro babilônico apresenta uma promessa. Mas aperceba-se que não é uma promessa para todo tipo de gente, é uma promessa para um tipo de gente, e somente este tipo. O texto diz: “aquele que sai chorando enquanto lança a semente”. Viu? Entendeu? Compreendeu? A promessa é para aquele que sai, e sai fazendo duas coisas: chorando e lançando a semente.

O choro, com certeza, refere-se às dificuldades, às duras penas, às complicadas exigências, às barreiras enfrentadas, às decepções, aos gritos por socorro, e pedidos de ajuda, e ainda, ao cansaço da labuta por parte daquele que deixou um estado de conforto, de berço esplêndido, de pleno sossego para ousar lançar a semente. Resumindo: o choro é fruto do suor do trabalho daquele que saiu do conforto, levantou-se, preparou-se e foi lançar a semente.  É como alguém já disse: “enquanto Deus trabalha, nós suamos”. E eu acrescento: e choramos também. O choro é resultado do demasiado esforço, o choro é resultado da não desistência diante dos problemas e dificuldades, o choro é fruto da perseverança, o choro é fruto da luta, labuta, garra, disponibilidade, disposição de trabalhar para Deus, para o Reino.

A promessa, portanto, é para quem trabalha, seja debaixo de sol ou de chuva, seja no verão ou no inverno, com dor ou sem dor, na alegria ou na tristeza. Talvez esteja surgindo na sua mente algumas dúvidas: que tipo de trabalho? E que promessa é esta? Para respondermos essas perguntas precisaremos recorrer ao contexto do texto. Pois texto sem contexto, vira pretexto.

O salmo 126 mostra o sentimento daqueles que estão voltando do cativeiro para sua terra depois de 70 anos fora de casa, longe do lar. Por isso o salmista diz: “quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, ficamos como aqueles que sonham”. E diz mais ainda: “nossa boca se encheu de riso e cânticos de alegria”. A alegria da volta do cativeiro é tão grande que contagiou os outros povos e eles diziam: “Grandiosíssimas, belíssimas, fantásticas coisas fez o Senhor por estes”. Note: o contexto do texto se refere a restauração de uma nação, a reconstrução da vida depois de tempos (muito tempo, por sinal) de dor e decepção. O texto trata da reinvenção de um povo, mediante a ação de Deus na sua história, por isso diziam com toda a força no coração: “Grande coisas fez o Senhor por nós”.

Assim sendo, seguindo e segundo esta perspectiva entendemos que o trabalho aqui se expressa na luta pela restauração do povo, e para que isso aconteça é preciso enfrentar o sol causticante para lançar as sementes da restauração, da fé, da esperança. Mesmo que isso cause dor e provoque o choro. Note e anote que a restauração é fruto de uma parceria de Deus e daqueles que ousam e têm a coragem de lançar preciosas sementes. Paulo disse acertadamente que de Deus somos cooperadores. Que nós, eu e você, pela misericórdia de Deus, tenhamos plena convicção que somos cooperadores Dele. Que honra! Que privilégio! Que graça!

Por último, depois da fé exercida e do trabalho vem a época da colheita da restauração. Esta é uma trilogia que tem de ser abraçada com toda a força pela igreja, pelas pessoas – fé, trabalho, colheita. A promessa do verso 6 do Salmo 126 é justamente a colheita. Quem sai chorando e lançando preciosas sementes vai, com a certeza que flui do céu, colher, e colher mais e colher mais ainda frutos preciosos. Utilizando a linguagem do salmista, vai trazer os seus feixes, seus molhos, sua porção.

Este é o nosso desafio: com fé, trabalho duro, e com dedicação lançar preciosas sementes. Sementes de amor, paz, união, graça, misericórdia, justiça, ânimo, alegria, esforço, perseverança, perdão, humildade. Se assim o fizermos, com a ajuda de Deus, teremos uma excelente colheita. Afinal somos parceiros. Em nome de Cristo e para glória de Cristo inclua-se hoje mesmo na lista dos semeadores de Deus. Lembre-se: a promessa da colheita é para estes, e somente estes. Amém.
                                                                                                                        Pastor Laurencie 

sexta-feira, 16 de abril de 2010

EM BUSCA DE RESPOSTAS

Você ao assistir um filme, um filme desses que passam nos canais abertos, já teve a sensação de que uma cena importante foi cortada? Confesso que assim que me sinto quando leio João 14.1 a 4: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver”. O evangelista João introduz esse texto sem falar do contexto que ele surge. Nós não sabemos sobre o que eles exatamente estavam conversando, não sabemos o que motivou Jesus a proferir essas palavras.

É claro que existe uma grande possibilidade de eu estar errado. Mas acredito que o tema da conversa de Jesus com seus discípulos era sobre o futuro. Não só o futuro referente à vida de Jesus, mas a vida dos discípulos também. Talvez eles tivessem feitos perguntas mais ou menos assim: “O que acontece depois que morremos? Como que é esse depois? O que faremos lá? Quanto tempo vai demorar para irmos para lá?” Estou imaginando obviamente, mas penso que os discípulos queriam que Jesus fizesse um manual de escatologia[1] para eles. Contudo, Jesus se recusa a responder as inquietações dos seus alunos, e diz, simplesmente: quanto às coisas do futuro, acalmem-se. Fiquem tranqüilos, não fiquem perturbados, fiquem em paz. Jesus não dá vazão a curiosidade, todavia se concentra no que é essencial.

Muitos acreditam que conhecem escatologia, narram os fatos futuros em ordem cronológica, mais um pouco e estarão prontos para datar o fim de todas as coisas. Como diz um pastor amigo meu: “Isso é uma grande bobagem”. A Bíblia é muito cuidadosa quando se trata do futuro, é claro que ela não nos deixa totalmente no escuro, mas ilumina somente as questões fundamentais.  As que de fato tem importância. Quando tratamos desses assuntos a curiosidade fica aguçada, e a mente fica acelerada em busca de respostas: “Senhor, como vai ser o céu? Como nós seremos? O que nós faremos lá? O que nós vamos comer lá? Eu vou reconhecer meus amigos? Meus familiares? Quando será o fim? Será que está próximo? O que acontece logo que morremos? Senhor, responda! Mate a nossa curiosidade”. Dos textos bíblicos que tratam sobre Jesus, não conheço nenhum em que ele se dispusesse a matar a simples curiosidade de alguém. Mas com toda sua sabedoria ele dá algumas lições que são importantes para se guardar no coração.

A primeira lição em relação ao futuro é: troque a ansiedade pela fé. É necessário crer em Deus e na pessoa de Cristo. É preciso confiar. É preciso acreditar que Deus é Deus de amor, e que Cristo é a prova mais clara desse amor, é preciso aceitar que de fato Deus se importa conosco, e que Cristo é verdadeiramente o Deus Emanuel, o Deus conosco. O Deus pertinho da gente. E, portanto, eu posso ficar em paz porque Deus nunca vai me abandonar. Mesmo na dor, mesmo na angustia, mesmo na morte, mesmo no futuro desconhecido.

A segunda lição é que Deus já preparou um lugar para os seus. Pois na sua casa há muitas moradas. E mesmo que não tivesse, Jesus disse que daria um jeito para arranjar um lugarzinho para aqueles que são seus discípulos. Não sabemos exatamente como vai ser lá, mas no coração brota a esperança que será muito bom, pois Deus é infinitamente bom, e foi Ele quem preparou as moradas celestiais. Álias, o máximo que podemos dizer sobre lá, é que será muito bom. O autor de Gênesis já dizia que tudo que Deus faz é muito bom. Então, tenho mais uma razão para descansar e ficar despreocupado.

A terceira lição é que Cristo vai voltar um dia para buscar aqueles que se entregaram verdadeiramente a Ele e à sua causa. Ele mesmo disse: “Eu voltarei e os levarei para mim. Note bem, Ele disse isso para os seus discípulos, não disse para todo mundo, somente para os seus discípulos. Só os legítimos seguidores de Cristo que usufruirão as moradas que o Pai preparou.

Quando Jesus estava na cruz do Calvário, havia dois ladrões que estavam sendo crucificados com Ele. Um decidiu se tornar discípulo de Jesus naquela hora, a poucos instantes da morte. Jesus disse a ele: “filho, hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Como Deus é maravilhoso! Caro irmão, se o futuro te amedronta, creia nesse Deus de bondade e misericórdia. Se a morte tira-lhe a paz, ore assim: Deus, de hoje em diante vou confiar na Tua Palavra, e vou descansar nas Tuas Verdades, e nas Tuas Promessas. E que meu coração possa calmo e  sossegado ficar, pois, de fato, Tu és bom. Amém.
                                                                                                                        Pastor Laurencie   



[1] Doutrina acerca das últimas coisas.