segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma carta ao meu irmão Fulano de Tal

           Olá querido irmão Fulano de Tal. Tenho observado seu semblante nos últimos dias, percebo com tristeza e preocupação seu abatimento. Eu tenho visto que seu ânimo não é mais o mesmo. Aquela empolgação parece que já não existe mais. Se eu fosse como os amigos de Jó, diria que você está com algum tipo de pecado nas costas, mas eu não sou como eles, não vejo a vida à luz do pecado somente, vejo-a também e principalmente à luz da graça divina. E a graça de Deus, meu caro, é aquilo que há de melhor no cristianismo. Na verdade, a graça é o coração do cristianismo. Por isso quando olho para alguém, independentemente de quem seja, faço isso sob a perspectiva da graça, por isso me junto a você e me solidarizo com sua dor e tempo de tristeza, sem fazer pré-julgamentos.

            O que você está vivenciando neste momento, meu amigo, é o que alguns estudiosos chamam de esgotamento espiritual. Devido a isso que sua fé está um tanto quanto cansada, desmotivada, desanimada e entristecida. Vou ser realista com você, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, todavia, existem caminhos que poderão lhe auxiliar a superar este tempo de crise. Aliás, vale dizer que crise, para aquele que confia em Deus, é uma oportunidade de crescimento.
            Olha, antes de compartilhar sobre alguns caminhos que poderão lhe ajudar a superar o esgotamento espiritual, quero pensar com você em algumas hipóteses sobre o que poderia ter causado isso. Devemos considerar que a vida é bastante complexa. É dialética – uma mistura de tristezas e alegrias, sonhos e decepções. Às vezes o sofrimento vem em doses fortes e temos que tomá-lo, meu caro. Talvez seja isso que tenha propiciado o surgimento do seu esgotamento espiritual: as desilusões da vida. Você pode ter sido engolido pelas circunstâncias difíceis da existência. Sabe Fulano de Tal pra você que é evangélico, tenho outra hipótese ainda: as estruturas religiosas, em muitos casos, acabam trazendo decepção sobre decepção, e daí surge o esgotamento. Em muitos casos, as estruturas religiosas tornam as boas notícias de Jesus Cristo em péssimas notícias, tornam a graça em longas listas de regras e regras, tornam a adoração legítima em religiosidade rotineira. Temos que admitir, meu caro, que sua própria religiosidade e a religiosidade de quem está próximo a você, podem ter aberto caminho para que o esgotamento espiritual chegasse. Por último, considero a hipótese ainda de que talvez você tenha tratado sua espiritualidade com displicência e negligência. Talvez você tenha achado que ir se encontrar com a igreja uma vez por semana, e ouvir alguém falar sobre a Bíblia no domingo fosse suficiente para produzir maturidade cristã. Mas agora, você percebe na própria pele que as coisas não são bem assim. Acredito que este tempo de esgotamento espiritual é uma excelente oportunidade para você quebrar paradigmas.
            Como disse, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, mas existem caminhos de solução. Creio que o primeiro passo para enfrentar isso é você olhar com sinceridade para si mesmo e admitir esse problema. Não se esqueça de orar bastante, afinal oração significa dependência de Deus. Leia bons livros sobre o assunto para ver como outras pessoas passaram e enfrentaram tempos assim. Converse bastante com seus amigos, peça ajuda. Não sofra sozinho. Lembre-se que apesar da religião ser uma força que em muitos casos traz malefícios, existem muitas pessoas que são de Deus mesmo e estão perto da gente e estão profundamente interessadas em nossas vitórias. Força amigo. O Senhor é contigo.   De seu amigo e irmão: Pastor Laurencie