Lançando
sobre ele toda vossa ansiedade, pois ele tem cuidado de vós. (I Pedro 5.7)
Desde
que o mundo é mundo as crises fazem parte da história. Em maior ou menor
proporção, estão sempre presente na vida, aparecem nas mais diversas formas e
estão intrinsecamente vinculadas a construção de nossa humanidade.
É
importante que se diga que as crises não precisam ser necessariamente
interpretadas somente pelo viés pejorativo, pois mesmo gerando em nossas vidas
situações complexas que podem provocar sofrimentos, elas podem suscitar
mudanças significativas para o nosso próprio bem. Por exemplo, um pai de
família que é mandando embora do serviço e fica desolado e depois acaba achando
um emprego melhor, uma pessoa que após um acidente consegue ver a vida com um
olhar mais profundo e começa se dedicar mais as coisas essenciais; os exemplos
são muitos.
A
questão, portanto, não é se passaremos ou não por crises mas, sim, quando
passaremos e como passaremos. É aí que entra a oração, graça divina, para nos
relacionarmos de forma intima com Deus, nosso Pai, e a partir deste
relacionamento encontrar forças para enfrentar os dilemas da vida.
Não
se trata de se ter um olhar triunfalista e alienado da existência onde se pensa
que Deus nos mima a ponto de nos enrolar num saco bolha para que nos poupe de
toda frustração, decepção ou desilusão. Certamente, Deus não é um Pai
irresponsável, o autor da carta aos Hebreus afirma: “Porque o Senhor educa quem
ele ama e corrige quem ele acolhe como filho” (Hebreus 12.5). É sempre possível
compreender as crises como pedagogia de Deus. Não punição, nem castigo segundo
pensa o senso comum. Mas oportunidade de aprender e crescer. Esse é um processo
doloroso.
Sendo
assim, tendo consciência de que as crises são realidades que fazem parte da
vida, e que Deus não vai nos livrar necessariamente delas, temos que aprender a
enfrentá-las. Por favor, não fiquemos zangados com Deus, ou com nossa família,
ou com o cachorro, ou com o clima, ou com quem quer que seja porque estamos
enfrentando crise, pois isso não vai nos ajudar em nada e não mudam as coisas
em nenhum centímetro. Que possamos compreender que as crises vêm e vão, e
sempre será assim, mas, como uma tempestade, elas passam e outras certamente
virão. A pergunta que não quer calar é se nós sairemos da crise pior do que
entramos?
Meu
conselho é que possamos aprender a orar em meio às crises. Não para Deus
impedir que elas venham, mas que possamos sabia e pacientemente superá-las. A
oração para tempos de crise não é uma fórmula mágica do tipo “abra-te sésamo”
que resolve tudo numa fração de segundo, nem mesmo frases carregadas de fetiche
do tipo de autoajuda que diz que “há poder em suas palavras”, não é nada disso.
A
oração para enfrentar as crises é aquele que brota de uma pessoa que ama a Deus
e sabe lá no fundo do coração que Ele vai cuidar dela em todos os momentos. Ele
é Deus de todas as horas. A oração em tempos de crise vai pelo caminho apontado
por um sábio irmão que disse: “Oro a Deus não pedindo cargas mais leves, e sim
ombros mais fortes”. É a oração sintonizada com a oração de Jesus: “Pai, nas
tuas mãos entrego meu espírito” (Lucas 23.46) que representa o lançar-se por
inteiro nos braços do Pai na hora da crise mais profunda. É a oração que não
nega o sofrimento, não o empurra para debaixo do tapete, não subestima as
próprias dores, não promete atalhos de fuga, nem alívio rápido, todavia a
partir da dor e da angústia, se aproxima do Pai em humildade legítima e em
dependência absoluta do seu favor, e como resultado desse encontro existencial
com o Sumo Bem, Suma Beleza e Suma Graça que é o Aba-Pai, encontra forças para continuar a trilhar pelos caminhos da
vida com coragem e fé perseverante.
Meus
companheiros e companheiras de jornada, se vocês não aprenderem a andar com
Deus e a confiar nas suas benevolências no tempo da crise, não é o do tempo da
alegria que isso vai acontecer. Talvez a sua crise seja provocada por problemas
no seu relacionamento conjugal, ou com seus filhos; ou pode ser por falta de
dinheiro, ou desemprego; ou pelo fato de alguém de sua família ou um amigo
estarem doente. Os motivos podem ser diversos. Mas questão principal é
aceitarmos e admitirmos que estamos em crise, e procurarmos com sabedoria que
vem de Deus (ver Tiago 1.5) enfrentá-la, mas não só isso, a partir dela,
aprofundar o relacionamento com o Senhor e crescer na fé e na maturidade
cristã.
Que
tal se uma vez ao dia tomássemos a decisão de seguir o conselho de Jesus sobre
oração: “tu quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu
Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará”
(Mateus 6.6). Nos tempos de crise é sempre bom lembrar que Deus recompensa
aqueles que o buscam (Hebreus 11.6). Força meus amados irmãos e amadas irmãs!
Deus é conosco! E a tempestade vai passar! Kyrie Eleisson!
Laurencie