segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SENHOR, PARA QUEM IREMOS?

Talvez você não se recorde, mas estas palavras foram ditas pelo apóstolo Pedro, após um sermão pregado por Jesus Cristo, segundo o evangelista João, instantes depois à multiplicação dos pães (João 6). Após tal sermão muitos seguidores de Jesus começaram a ir embora, as palavras do Senhor foram demasiadamente pesadas para eles. Cristo, então, perguntou aos doze: vocês também não querem ir? Daí Pedro responde de maneira brilhante e sábia: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”.

Apesar de Pedro reconhecer que as palavras de Jesus são as únicas que contém vida eterna, isso não significa que elas sempre foram agradáveis de ouvir. Jesus Cristo como revelação suprema de Deus diz o que tem que ser dito, ele não tem necessidade de paparicar ninguém, mesmo que seja um líder religioso ou político, muito menos tratar com leviandade assuntos sérios que devem ser tratados com toda a franqueza. Em várias ocasiões o Senhor chamou os fariseus e outros religiosos de hipócritas, serpentes e raças de víboras; chamou o povo e seus discípulos de geração incrédula e perversa, chamou Herodes de raposa. Na ocasião que o próprio Pedro quis desviar Cristo do seu caminho de cruz, foi chamado de Satanás. Mesmo assim, as palavras de Pedro registradas por João ecoam até nós: “Senhor, para quem iremos?

As palavras do Senhor não são atiradas sem razão ou sem propósito, como se sua intenção fosse ferir as pessoas, a tal interpretação dou um não, um definitivamente não! Cristo muitas vezes confrontou as pessoas por causa da sua postura existencial incorreta segundo a perspectiva do Reino de Deus. Veja você: os fariseus e líderes religiosos foram confrontados pelo Senhor porque eram um peso para o povo, e para o próprio Jesus, consequentemente para Deus. Com sua visão limitada sobre a vontade de Deus acabavam por se tornar empecilho para as pessoas, o nome de sua religião era opressão. Chamou seus discípulos e o povo de geração incrédula e perversa por conta de sua maneira equivocada de lidar com a vida, com as dificuldades. Por sua postura incorreta diante de Deus. Às vezes com falta de fé, às vezes agindo egoisticamente, como Pedro quando quis impedir Jesus de trilhar pelos caminhos determinados por Deus. Herodes foi chamado de raposa pelo Senhor porque era perspicaz, maldoso, sanguinário. O nome do seu governo era injustiça. Não há como negar, a verdade de Cristo confronta o mundo inteiro. 

Se você pensar bem, refletir muito mesmo, compreenderá que as palavras de Jesus também nos confrontam várias vezes, confrontam o nosso egocentrismo quando diz: “Negai-vos a si mesmo”, confrontam o nosso senso de cuidado e de autopreservação quando diz: “Tome a cada dia a sua cruz”. Confrontam a nosso sossego, descaso e indiferença quando diz: “ide” ou “levantai os olhos e vejam os campos que estão brancos para a ceifa”. Confrontam nosso senso de justiça quando diz: “não julgueis” ou “aprenda o que significa misericórdia quero e não sacrifício”. Confrontam nosso senso de prioridade quando diz: “vai, dê tudo aos pobres. Depois vem e segue-me”. Confrontam nosso conceito de salvação quando diz: “quem quiser salvar a sua vida, a perderá”. Confrontam nosso senso de independência e autonomia quando diz: “bem-aventurados os pobres de espírito”. Talvez você possa dizer em seu coração: “que palavras duras são essas?”. Mas mesmo assim a expressão petrina insiste: “Senhor, para quem iremos?

Ninguém disse que seguir verdadeiramente a Cristo seria fácil, seria um mar de rosas, seria só alegria. Não. Ninguém disse isso. Se disse, mentiu. Contudo, seguir a Jesus, como disse Caio Fábio, continua sendo o mais fascinante projeto de vida. É preciso, de fato, reconhecer que não há para onde ir, senão para os braços de Jesus, não há a quem procurar, não há a quem recorrer, não há a quem se entregar, senão ao Senhor. Porque a vida, a vida plena, a vida de verdade está Nele, está em suas palavras, está em seus caminhos. Suas palavras podem ser duras, podem confrontar a nossa religião, as nossas conceituações teológicas, nossos paradigmas, nossa cosmovisão, mas continuam a ser palavras de vida eterna.

Será que a expressão dita por de Pedro faz sentido para nós? Será que nossa realidade é compatível com ela? Será que reconhecemos de fato que não temos para onde ir, ou a quem recorrer? Será que compreendemos que não existe outra possibilidade de vida, outro destino para nós, senão aos pés do Senhor? Hoje, no tempo chamado agora, diga a si mesmo, diga no seu coração e na sua mente: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”. Em outras palavras, “é perto do Senhor mesmo que eu vou construir toda a minha história”. E que assim seja!
                                                                                                                        Pastor Laurencie



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