quarta-feira, 4 de março de 2015

Coração no Reino

“Pois onde estiver teu tesouro, aí estará também teu coração” (Mateus 6.21)

                Nos Evangelhos, Jesus ensina que o Reino de Deus é como um precioso tesouro que um homem encontrou num campo e que a partir do encontro com aquele luminoso tesouro todo o resto em sua vida obscureceu-se para ganhar nova luz, ou seja, ela abriu mão de tudo que tinha para adquirir aquele campo e assim ter aquele tesouro.
Quando Paulo conta de sua trajetória de vida, diz que: “Sim, de fato também considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3.8).
Quando Paulo abriu os olhos para o Reino de Deus, tudo o mais perdeu o brilho e a existência na sua completude passou a ser iluminada por Cristo que é a luz da vida.  
                Pelo Reino de Deus, o próprio Cristo “não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo assumindo forma de servo e fazendo-se semelhantes aos homens” (Filipenses 2.6 e 7).
                Quando Mateus, o publicano, se encontrou com Jesus, que é a personificação do Reino de Deus, imediatamente ele deixou a banca dos impostos para seguir o Sumo Mestre por  toda a vida.
                No dia em que a luz do Reino de Deus brilhou na vida de Estevão, a própria morte perdeu seu poder sobre ele. O Reino foi sua opção de viver e morrer.
                Pelo Reino de Deus, Zaqueu se dispôs no coração, diante de Cristo, devolver todo dinheiro – com juros – que tinha adquirido injustamente.
                Por causa dos valores do Reino, João Batista foi decapitado e o discípulo João – o apóstolo do amor – foi exilado na ilha de Patmos.
                Por amor ao Reino de Deus, cristãos foram jogados no coliseu entre as feras.
                Pela visão implantada nele pelo Reino de Deus, Bartolomeu de Las Casas ousou defender o direito humano dos índios em plena época de colonização. 
Pelas verdade do Reino de Deus, Dietrich Bonhoeffer estando nos E.U.A a estudo, se juntou aos irmãos da igreja Confessante na Alemanha para combater o nazismo, acabou preso e enforcado.
                Pela chama que o Reino de Deus acendeu em seu coração, Martin Luther King Junior enfrentou, sem violência, o duro regime de apartheid nos E.U.A. Ele foi assassinado.
                Por causa do Reino de Deus, a missionária Dorothy Mae Stang, lutava pela dignidade de trabalhadores do campo no Pará, enfrentando poderosos fazendeiros. Foi assassinada com 6 tiros.
Por causa do Reino de Deus, cristãos coptas não negaram a Cristo lá no distante país da Líbia, mesmo diante da ferocidade e violência do Estado Islâmico. Eles foram decapitados.
Inúmeros exemplos poderiam ser dados para demonstrar que quando alguém se encontra com o Cristo e abre os olhos e o coração para seu Reino a vida nunca mais é a mesma. Porque tais pessoas são transformadas de dentro pra fora, e mesmo ameaçadas, às vezes vivendo em escassez e até correndo diversos perigos insistem perseverantemente a servir ao seu Senhor que é Cristo. O Reino faz com que Cristo brilhe em nós e para nós como o sol do meio dia, e assim, as demais coisas são reinterpretadas, revistas e reconsideradas a partir dessa luz preciosa.
                Por causa do Reino, pessoas deixam sua terra e sua parentela e vão levar a luz de Cristo a povos distantes. Por causa do Reino, pessoas se tornam generosas, prontas a ajudar quem precisa. Por causa do Reino, pessoas aprendem a amar seus inimigos e orar por quem as persegue. Por causa do Reino, pessoas lutam contra seus próprios vícios e mazelas, tratam com amor quem lhes prejudicou, agem com misericórdia para com os que sofrem, vivem em comunhão com a igreja apesar dos problemas, incoerências e apesar das coisas que não concorda. E como vimos nos exemplos, pelo Reino, as pessoas se entregam totalmente a Causa de Deus a ponto de até morrerem por isso.
Creio que um cristão sério não seria leviano de pensar que seguir a Cristo e vivenciar os valores do Reino não exija um grande preço a pagar, uma renuncia, uma descentralização do ego, um esforço, uma dedicação, um sofrimento, uma vida. Como diz Bonhoeffer, “não poderia ser barato para nós o que para Deus custou tão caro”. E você tem o coração no Reino ou o seu cristianismo é só discurso?! 
               
                                                                                                                                             Laurencie, 

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