segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Coisas que a Bíblia não ensina, mas os evangélicos acreditam


“Nem os céus e os céus dos céus podem te conter; muito menos este templo...” (II Crônicas 6.18b)

                Pensar biblicamente é uma tarefa complexa, árdua e desafiadora. Isso porque ao longo da vida, nós vamos recebendo ensinamentos, tradições e uma cultura a qual nos é imposta, e, infelizmente, nem sempre tais ensinamentos, tradições e cultura estão de acordo com a Palavra de Deus, mesmo que essas coisas tenham sido ensinadas dentro de um contexto religioso. Meu desafio hoje é trazer a tona um preceito que em geral os evangélicos acreditam, mas que não está respaldado nas Escrituras. Meu anseio é que você ouse ser um crente bereano, isto é, que analise, questione, pense, reflita, e mergulhe diariamente nas verdades das Sagradas Letras (Atos 17.11) e construa assim uma cosmovisão cristã profundamente bíblica.
                Pergunto: será que é correto pensar que um templo feito por mãos humanas é a casa de Deus? Talvez influenciado pelo Salmo 122.1: “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor” – você acredite que sim, todavia tenho a responsabilidade de lembrá-lo que desde o Êxodo o tabernáculo era o lugar do culto a Deus, e depois, no reinado de Salomão, já na terra prometida, o templo passou a ser o lugar exclusivo do culto e da adoração ao Senhor. Apesar disso, veja a oração de Salomão na inauguração do templo: “Na verdade habitaria Deus com os homens na terra? Nem os céus e os céus dos céus podem te conter; muito menos este templo que edifiquei! Porém [...] que teus olhos estejam atentos dia e noite para este templo [...] para ouvires a oração que teu servo fizer voltado para este lugar” (II Crônicas 6.18 a 20). O próprio Salomão que viveu de acordo com as perspectivas na Antiga Aliança já sabia que um templo feito por mãos humanas não poderia conter a glória de Deus, quanto mais ser a Sua casa. Um servo de Deus dos tempos do AT até poderia pensar assim, como o salmista, afinal a arca da aliança estava no templo, porém, tal lógica não é permitida aos cristãos que vivem graciosamente os tempos da Nova Aliança.
                E o Novo Testamento o que tem a dizer sobre isso?! Certa vez, uma mulher disse a Jesus: “nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que Jerusalém é o lugar da adoração” (João 4.20). Jesus lhe respondeu: “mulher, crê em mim, a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai, [...] mas virá a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (João 4.21 e 23). A mulher citada no texto pensa que adorar a Deus é uma questão de lugar, tanto que ela pergunta: “no monte ou no templo (em Jerusalém)?”e Jesus lhe ensina que adoração não é uma questão de lugar, é uma questão da disposição do coração: “em espírito e em verdade”, ou seja, em tudo o que se faz, na plena sinceridade do ser.
                Na sua primeira carta a igreja de Corinto o apóstolo Paulo questiona aqueles irmãos: “não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Coríntios 6.19). E o apóstolo Pedro afirma em sua carta: “vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” (I Pedro 2.5). Paulo mostra que a habitação do Espírito Santo – a terceira pessoa da Trindade – é o corpo do cristão, e Pedro ensina que pessoas que vivem em Jesus Cristo são como pedras vivas que formam uma casa espiritual, ou seja, a igreja que é essencialmente formada de gente é casa espiritual, que significa nada mais nada menos do que ser habitação do Espírito, enfim, casa de Deus.
                Concluo dizendo: caro irmão e irmã, a Bíblia não os autoriza a acreditar que um templo feito de chão, parede, telhado é casa de Deus, pois como diz um cantor evangélico sábio: Deus não habita em templos feitos por mãos de homem. Talvez você pergunte: qual a importância então de um templo, de acordo a Palavra de Deus? O templo, biblicamente falando, tem importância secundária e até terciária, não é a toa que o templo da religião judaica, só nos tempos bíblicos, foi destruído três vezes. Assim, afirmamos que o templo é apenas um local de ajuntamento, não há nada de sacralidade nele, pois segundo os ensinamentos do Novo Testamento, não existem lugares santos, nem coisas santas, só existe o povo santo, isto é, gente que serve a Jesus vivendo na comunhão do Espírito. Encerro citando novamente o cantor de palavras sábias: “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens, Deus não será jamais acorrentado às paredes de uma Religião, Deus não será jamais enclausurado na escuridão de quem ainda tem um coração de pedra”. Ouse abandonar ensinamentos que a Bíblia não ensina. Pense nisso!           Pr. Laurencie

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

JESUS – A LUZ DA VIDA

Eu sou a luz do mundo; quem me seguir jamais andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8.12).
                Fico encantado ao olhar para o texto bíblico e perceber como a ideia da luminosidade acompanha as ações criadoras e salvadoras de Deus no mundo. Gênesis 1.2a e 3 diz assim: “a terra era sem forma e vazia [...]. Disse Deus haja luz. E houve luz”. O texto ensina que quando o universo era caos, Deus por sua Palavra criou o cosmos, ou seja, Ele bondosa e poderosamente criou todas as coisas e as deixou em ordem. Seu ato primeiro foi a criação da luz.
                Num tempo em que o povo de Israel vivia uma crise profunda, sem precedentes, Deus enviou seu servo o profeta Isaías para que proclamasse palavras de esperança. Como arauto do Senhor, ele prega em alto e bom som: “não haverá escuridão, para a terra que estava aflita [...]. O povo que andava em trevas viu uma grande luz sobre os que habitavam na terra da sombra da morte [...]. Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi concedido...” (Isaías 9.1a, 2, 6a). De maneira profética, Isaías anuncia o nascimento de uma criança que há de trazer luz aos que vivem em escuridão plena. Ele diz mais: “o governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6b). Que palavras iluminadoras e reconfortantes!
                Quando o evangelista Mateus narra o nascimento de Jesus, ele conta que três sábios do oriente foram guiados por uma estrela até o local onde o Senhor, ainda bebê, estava (Mateus 2. 1 a 12). Note: eles foram guiados por um ponto de luz no céu. Já Lucas conta que alguns pobres pastores foram surpreendidos por uma glória luminosa cheia de esplendor (Lucas 2.9). Na verdade, era um anjo do Senhor que veio comunicar àqueles simples homens o nascimento do Salvador. Lucas ainda descreve o cântico de Zacarias que mostra sua exultação pela ação de Deus na história, por meio de Seu Cristo: “graças à profunda misericórdia do nosso Deus, pela qual a aurora do alto nos visitará, para iluminar os que estão nas trevas e na sombra da morte, a fim de nos guiar nossos pés no caminho da paz” (Lucas 1.78 e 79). 
                Todos e esses textos e muitos outros que poderia citar mostram de maneira unânime que quando Deus age, criando ou salvando, Ele o faz através da luminosidade do seu Ser que se manifesta na criação de astros luminosos (no caso de Gênesis), ou se manifesta na Sua atuação poderosa na história trazendo luz a quem está nas trevas e na sombra da morte. O próprio Jesus, que representa a maior manifestação de Deus na história, autodenomina-se como a luz do mundo, e quem se permitir ser iluminado por Ele, terá a luz da vida.
                Nosso mundo por conta do pecado é confuso e triste, deixa as pessoas sem direção. Muitas delas trilham pela jornada da existência desesperançadas, frustradas, desanimadas, vivendo uma vida sem significado, verdadeiramente, em trevas. Entendo que não tem sentido em se viver assim, visto que Jesus é a luz do mundo. Ele veio do Pai para iluminar a cada ser humano, isso quer dizer que Ele deseja dar direção as pessoas sem rumo, almeja dar esperança aos desesperançados, anseia animar os desanimados, e pretende dar vida significativa para os frustrados, enfim, Ele quer salvar a cada um de uma vida medíocre e de um futuro aterrorizante.
                Hoje, celebramos o Natal de Jesus Cristo, e celebrar tamanho acontecimento nada mais é do que relembrar o coração que Deus mandou seu Filho ao mundo para iluminar os nossos passos, a fim de que caminhemos rumo ao centro da Sua vontade, que é boa, perfeita e agradável.
                Por isso, neste ano comemore o Natal de Jesus Cristo lembrando que Ele é a verdadeira luz que ilumina a vida, ou seja, Ele tem poder para iluminar todas as suas questões existenciais. E se lembre ainda que Ele chamou seus discípulos para participar da sua luz, iluminando, através de atos que demonstrem seu caráter e sua graça, o caminho das pessoas (veja Mateus 5.14 e 16). Desafio-o, hoje, a fazer da sua fé uma missão, a missão de refletir a luz de Jesus na vida das pessoas que o cercam. Creio que não existe melhor maneira de celebrar o Natal. Que Deus, o Pai das luzes, ajude-o.                   
                                                                                                                                                             Pr. Laurencie

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Natal pé no chão

[...] e ela teve seu filho primogênito; envolveu-o em panos e o colocou em uma manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria”. (Lc 2.7)
                Quem não fica encantado com a cidade na época do Natal?! Luzes, pinheiros, mais luzes, mesas fartas, troca de presentes etc... A priori não há nenhum problema nisso. Mas será que diante da onda de consumismo que se apresenta em geral nessa época não corremos o risco de perder o foco Naquele que é a razão e o sentido do Natal? O que a bíblia nos ensina sobre isso?
                Atentando para a Palavra Divina compreendemos que o Natal – o nascimento de Jesus – trata sobre o grande Mistério da encarnação. Assim sendo, no Natal podemos lembrar ao nosso coração que Deus bondosa e graciosamente se fez homem. Nas palavras do apóstolo do amor: “O Verbo se fez carne”. Mais misteriosa ainda é a situação como Deus decidiu enviar seu Filho, o Verbo: Jesus nasceu milagrosamente de uma jovem virgem, a saber, Maria que era noiva de um tal José da tribo de Judá, ambos, por sinal, paupérrimos. Foi assim que se deu o nascimento de nosso Senhor – em absoluta simplicidade e pobreza numa cidade sem muita importância, num lugar reservado para os animais. O que isso tem a nos dizer?
                      É evidente que o Natal não tem nada a ver com o consumismo, não tem a ver com o poder de compra que uma família tem, não tem a ver com os shoppings lotados, não tem a ver com o bom velhinho, nem com seus duendes, não, nada disso. Natal não está relacionado ao “ter” ou “possuir”, está sim, ligado ao “ser”. Especialmente, ser para Deus. Sendo e existindo para Deus compreendemos que no verdadeiro Natal, Ele, o Magnífico, na pessoa de seu Filho, doa-se, humilha-se, esvazia-se, empobrece-se, coloca-se deliberada e superlativamente em estado de sofrimento.
                O modo como Deus vem e age em Jesus cria para nós um paradigma, um modelo de ser e existir – Cristo, o Filho do Deus Altíssimo, veio em pobreza para que nós fossemos ricos em alegria, compaixão e generosidade. No Natal devemos compreender que Deus nos amou de tal maneira que nos deu o seu Filho. Perceba que o Natal marca um ato supremo de doação de Deus.
                Isso posto, esclarecemos: Natal – pé no chão é acolher o grande amor de Deus manifestado em seu Filho Jesus Cristo e se colocar a Sua disposição para demonstrar em atos e palavras tão grande e genuíno amor. É não desprezar ou fazer ouvido moco aos que sofrem e são oprimidos todos os dias pela dura realidade. É viver e celebrar a simplicidade e a humildade. É doar-se ao Deus de graça e investir existencialmente na Sua causa de restaurar e trazer esperança aos homens e mulheres.      
                Por isso, desafio-o, neste ano de 2010, a celebrar um Natal – pé no chão. Comemore seu Natal assim: agradeça a Deus por Jesus e demonstre sua gratidão através de atos de bondade que expressem alegria, compaixão e generosidade. Quem celebra o Natal – pé no chão é porque está verdadeiramente com a cabeça e o coração em Cristo. Pense nisso!
                                                                                                                                                             Pr. Laurencie

sábado, 13 de novembro de 2010

Eu, um eterno mendigo

Sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim” (Salmo 40.17a)
Certamente a palavra mendigo é uma palavra extremamente forte e causa má impressão e traz várias imagens negativas àquele que a ouve. E dificilmente alguém ousaria usar tal substantivo para se referir a si mesmo. Segundo a Wikipédia – a enciclopédia livre: Mendigo ou mendicante é “o indivíduo que vive em extrema carência material, não podendo garantir a sua sobrevivência com meios próprios. Tal situação de indigência material força o indivíduo a viver na rua, perambulando de um local a outro, recebendo o adjetivo de vagabundo, ou seja, aquele que vaga, que tem uma vida errante. O estado de indigência ou mendicância é um dos mais graves dentre as diversas gradações da pobreza material”. Enquanto que sociologicamente falando a palavra mendigo tem conotação pejorativa, quando pensamos na relação do ser humano com o Deus de toda graça, isto é, teologicamente, tal palavra cai como uma luva.

Certa vez o Senhor Deus disse ao mendigo Jó: “quem primeiro deu a mim, para que eu lhe retribua? Tudo o que existe debaixo do céu é meu” (Jó 41.11). O apóstolo Paulo expressou a seguinte doxologia: “quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja recompensado? Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente. Amém” (Rm 11.35 e 36).  Paulo sabia bem do seu estado de mendicância diante de Deus, ele mesmo disse: “Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.[...]Quem se gloriar, glorie-se no Senhor (I Co 1.28, 29 e 31). Perceba que a palavra mendigo expressa bem o que Paulo disse, afinal, o mendigo é insignificante, é desprezado e é considerado e tratado como nada. Mas não para Deus, não é?! Afinal, foi a esse ou a esses que Ele, misteriosamente, escolheu. 

Essa incapacidade humana de dar, ou merecer ou fazer coisas para Deus, por si mesmo, podemos dar o nome de mendicância espiritual. Um mendigo só comerá se alguém o der, e só usará as roupas que ganhar, e carecerá diária e constantemente de favores e atos de misericórdia. O mesmo vale para cada um de nós diante de Deus, visto que “ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3.27). João, o Batista, sem ressalvas, compreendeu seu estado de mendigo  e sua indignidade diante daquele que se chama Salvador – “não sou digno nem de carregar suas sandálias” (Mt 3.11) e sua postura e oração foi a de um mendigo espiritual: “convém que ele, o Cristo, cresça e eu diminua” (Jo 3.30).

É preciso aceitar, à luz dos ensinamentos da Palavra, que eu sou um eterno mendigo diante de Deus, sou pequeno e fraco, pobre e necessitado, não tenho nada a oferecer, não há razões e nem sentido em sentir orgulho por qualquer coisa que seja, careço diária e assiduamente dos favores e dos atos de misericórdia e graça do céu.

A um mendigo espiritual por definição e convicção cabe bem a humildade, a contrição, a simplicidade no viver, a solidariedade com os outros mendigos amigos e companheiros de caminhada. Cabe ainda a ausência de julgamento e pré-conceitos em relação aos próximos que sucumbiram diante da complexidade da vida. Os mendigos não criam estereótipos de outrem, pois não há nenhum mendigo que não tenha culpa no cartório, uma vez que “todos pecaram e são carentes” (Rm 3.23a). Tenho boas notícias aos mendigos espirituais, boas novas de alegria e esperança, pois “assim diz o Alto e Sublime, que habita na eternidade e cujo o nome é santo: Habito num lugar alto e santo, e também com o contrito de coração e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes e o coração dos contritos” (Is 57.14 e 15). Os espiritualmente mendicantes não tem nada a oferecer, são desprezados e ridicularizados no mundo, contudo, é com eles e neles que Deus habita.

Lembre-se que aceitação de nossa mendicância em relação a Deus não nos menospreza ou nos humilha, mas nos eleva, pois nos traz à consciência o fato de que a vida, em todas as suas dimensões, é fruto da graça. É fruto da pré- disposição divina em agir com bondade e misericórdia para conosco, os mendicantes. Foi João que disse: “pois todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça” (Jo 1.16). Precisamos admitir de uma vez por todas: “nossas insignificantes obras não nos dão o direito de regatear com Deus. Tudo depende do seu bom prazer” (Brennan Manning).

Encerro parafraseando Jesus: “Superlativamente felizes são os mendigos espirituais, pois deles, somente deles, é o reino dos céus” (Mt 5.3).
                                                                                                              Pr. Laurencie   
  

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma carta ao meu irmão Fulano de Tal

           Olá querido irmão Fulano de Tal. Tenho observado seu semblante nos últimos dias, percebo com tristeza e preocupação seu abatimento. Eu tenho visto que seu ânimo não é mais o mesmo. Aquela empolgação parece que já não existe mais. Se eu fosse como os amigos de Jó, diria que você está com algum tipo de pecado nas costas, mas eu não sou como eles, não vejo a vida à luz do pecado somente, vejo-a também e principalmente à luz da graça divina. E a graça de Deus, meu caro, é aquilo que há de melhor no cristianismo. Na verdade, a graça é o coração do cristianismo. Por isso quando olho para alguém, independentemente de quem seja, faço isso sob a perspectiva da graça, por isso me junto a você e me solidarizo com sua dor e tempo de tristeza, sem fazer pré-julgamentos.

            O que você está vivenciando neste momento, meu amigo, é o que alguns estudiosos chamam de esgotamento espiritual. Devido a isso que sua fé está um tanto quanto cansada, desmotivada, desanimada e entristecida. Vou ser realista com você, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, todavia, existem caminhos que poderão lhe auxiliar a superar este tempo de crise. Aliás, vale dizer que crise, para aquele que confia em Deus, é uma oportunidade de crescimento.
            Olha, antes de compartilhar sobre alguns caminhos que poderão lhe ajudar a superar o esgotamento espiritual, quero pensar com você em algumas hipóteses sobre o que poderia ter causado isso. Devemos considerar que a vida é bastante complexa. É dialética – uma mistura de tristezas e alegrias, sonhos e decepções. Às vezes o sofrimento vem em doses fortes e temos que tomá-lo, meu caro. Talvez seja isso que tenha propiciado o surgimento do seu esgotamento espiritual: as desilusões da vida. Você pode ter sido engolido pelas circunstâncias difíceis da existência. Sabe Fulano de Tal pra você que é evangélico, tenho outra hipótese ainda: as estruturas religiosas, em muitos casos, acabam trazendo decepção sobre decepção, e daí surge o esgotamento. Em muitos casos, as estruturas religiosas tornam as boas notícias de Jesus Cristo em péssimas notícias, tornam a graça em longas listas de regras e regras, tornam a adoração legítima em religiosidade rotineira. Temos que admitir, meu caro, que sua própria religiosidade e a religiosidade de quem está próximo a você, podem ter aberto caminho para que o esgotamento espiritual chegasse. Por último, considero a hipótese ainda de que talvez você tenha tratado sua espiritualidade com displicência e negligência. Talvez você tenha achado que ir se encontrar com a igreja uma vez por semana, e ouvir alguém falar sobre a Bíblia no domingo fosse suficiente para produzir maturidade cristã. Mas agora, você percebe na própria pele que as coisas não são bem assim. Acredito que este tempo de esgotamento espiritual é uma excelente oportunidade para você quebrar paradigmas.
            Como disse, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, mas existem caminhos de solução. Creio que o primeiro passo para enfrentar isso é você olhar com sinceridade para si mesmo e admitir esse problema. Não se esqueça de orar bastante, afinal oração significa dependência de Deus. Leia bons livros sobre o assunto para ver como outras pessoas passaram e enfrentaram tempos assim. Converse bastante com seus amigos, peça ajuda. Não sofra sozinho. Lembre-se que apesar da religião ser uma força que em muitos casos traz malefícios, existem muitas pessoas que são de Deus mesmo e estão perto da gente e estão profundamente interessadas em nossas vitórias. Força amigo. O Senhor é contigo.   De seu amigo e irmão: Pastor Laurencie

domingo, 26 de setembro de 2010

Seu nome é Salvador



            Com certeza, uma das afirmações mais reconfortantes e esperançosas do Novo Testamento está na carta aos Hebreus 13.8 que diz: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Saber que Jesus é hoje o mesmo que pisou por esta terra dois mil anos atrás enche o coração de alegria e de paz, pois se ele é o mesmo, sua missão também é a mesma, e ele próprio define sua missão assim: “eu vim buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10). Não há como negar, Jesus, o Cristo, está em busca daqueles que estão se perdendo, afinal, ele é o mesmo ontem, hoje e sempre.
            A bíblia deixa bem claro quem são aqueles que estão se perdendo: são os que estão mergulhados no pecado, ignoram a vontade divina e vivem sua vida como se fosse conquistada por sua própria força. São os que zombam de Deus achando que são seres independentes e autônomos do Senhor e constroem sua história ignorando o fato que Deus existe e se importa com tudo o que acontece por aqui. São os que vivem no egocentrismo achando que o universo gira em torno de sua própria cabeça, e por isso não conseguem ver o mundo sofredor com um olhar caridoso, e muito menos, conseguem se compadecer. São os que se prostraram e se prostram todos os dias diante de ídolos inventados por sua própria mente, tais como dinheiro, poder, fama, sucesso, sexo, drogas, prazer desenfreado e sacrificam sua existência no altar da mentira. Os que estão se perdendo são os que disseram não para o Cristo de Deus e disseram sim para si mesmos, para seus pecados e seus caminhos desencaminhados. São os orgulhosos que dizem a si mesmos: “ó alma – descansa, come, bebe e alegra-te” (Lucas 12.19) pois cheguei no auge da vida com minha própria força e sabedoria, todavia não atentaram para as palavras do Mestre: “a vida de um homem não consiste naquilo que ele possui” (Lucas 12.15). Os que estão se perdendo são os que se conformaram com o mundo, aceitaram a sua própria desumanização ou coisificação, relativizaram o absoluto e ‘absolutizaram’ o relativo. Dão importância demasiada ao que não é importante, e rejeitam o essencial, a saber: Deus. Os que estão se perdendo gastam sua vida com a vaidade, com aquilo que é palha e neblina, coisas tão passageiras quanto um piscar de olhos. A esses o Salvador quer salvar, e lhes convida: “se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24).
             O mundo construído sobre paradigmas rebeldes em relação a vontade de Deus só produz dor, tristeza e sofrimento. O produto final dessa conta é o caos que vivemos e vemos todos os dias: mundo individualista, miséria, injustiça, epidemia de drogas, violência doméstica, mortes prematuras, religiões enganadoras e opressoras, a política feita para o bem próprio e não para o bem comum, famílias destruídas e sem referencial e por aí vai. Diante de tal quadro, percebe-se o cansaço das pessoas, o medo, a angústia, a sobrecarga de viver a vida num mundo tão mau. A essas pessoas o Salvador quer salvar. Ele diz: “vinde a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. [...] aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e acharão descanso para a sua alma” (Mateus 11.28 e 29).
            Uma condição sine qua non para a salvação é o compreender-se perdido, e caminhar em direção àquele que é o caminho, a verdade e a vida (João 14.6), ou seja, Jesus Cristo, o Filho de Deus.
            Saiba que Cristo Jesus, aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente quer salvar a sua história da tolice de viver a vida em vão. Quer salvar sua existência da irrelevância. Quer salvar sua vida do lamaçal do pecado e do egoísmo e lhe firmar os pés na rocha a fim de que usufrua a vida eterna que o Pai dá, por meio do Filho e através do Espírito Santo. Pense e responda: se Jesus é o Salvador, e se ele está profundamente interessado em sua vida, por quê perder-se?! Saiba que hoje é o tempo de abrir a porta do coração para aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Faça isso! E que assim seja.
                                                                  Pr. Laurencie


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dependência ou morte!

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos Céus”. (Mateus 5.3)
            
         Terça-feira, dia 07 de setembro, será comemorada mais uma vez a independência do Brasil. Quando estávamos na escola aprendemos que esse ato foi feito por D. Pedro I, às margens do rio Ipiranga, com o famoso grito: “Independência ou morte”. Na verdade, quem tem um pouco de senso crítico, sabe que as coisas não foram bem assim, por duas razões pelo menos: primeiro que a independência não foi um ato isolado de D. Pedro I, mas sim um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial feito pela aristocracia rural do país por interesses econômicos, obviamente. Em segundo lugar, a independência restringiu-se a esfera política não alterando em nada a realidade sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características do período colonial. A grande verdade é que a independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas, ou seja, os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 
 Isso mostra que a forma como a independência do Brasil é-nos contada é uma grande farsa, é uma mentira. Só para termos a impressão de que algo foi feito de maneira heróica por aqui. Doce ilusão.
            Na verdade, usei esse assunto da independência do Brasil como pretexto para dizer que na vida cristã a palavra independência não existe, pelo menos não deveria existir. Foi essa a proposta que Serpente fez para Adão e Eva no Edén: “comam do fruto de conhecimento do bem e do mal e dêem seu grito de independência de Deus”. Isso foi uma grande mentira, tal qual a forma como a independência do Brasil é-nos ensinada.
            A bíblia ensina que o ser humano entregue a si mesmo – independente – só produz a mentira, a injustiça, a opressão, a ganância, a violência, enfim, o caos. Jesus, nosso Senhor, mostra-nos outro caminho, Ele brada o grito da dependência: “bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos Céus”, em outras palavras, o Mestre está ensinando que a verdadeira felicidade, a vida plena, acontecerá somente na dependência absoluta de Deus.
            Os pobres em espírito são aqueles que sabem que nada têm a oferecer a Deus, por isso confiam desesperadamente na graça divina, são aqueles sobrecarregados que aprenderam a descansar à sombra do Senhor, são aqueles que possuem joelhos vacilantes e fracos e tem plena consciência que não se bastam a si mesmos de forma alguma, são aqueles que olham para si mesmos com sinceridade e dizem: “sou um pecador e careço da glória de Deus em minha vida”, são aqueles que sabem que a vida entregue a si mesma, na própria força e na independência do ser será um grande desapontamento para Deus. Jesus, como sempre, tinha razão: Felizes aqueles que nada têm, mas encontraram tudo no Deus gracioso.      
             Um sinônimo para a palavra independência é liberdade, e apesar do Brasil ter soberania em seus territórios, ser autônomo em suas leis, está muito longe de ser um país livre, o que reina por aqui, na verdade, é a escravidão em vários sentidos. O grito de D. Pedro I, possivelmente nunca existiu, se existiu, foi só um grito pomposo e demagógico para esconder as verdades. Já o grito de Cristo é a mais pura verdade: “Dependência (de Deus) ou morte”.   Pr. Laurencie