quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A FÉ

Se você pegar um livro de gramática da língua portuguesa verá que a palavra fé é um substantivo abstrato, pois depende da existência de outro ser para que exista. Contudo sua ação na vida do ser humano é bem concreta. A Bíblia deixa bem claro isso. A fé causa movimento na vida. Causa disposição para mudança, traz uma inquietação na alma para avançar para algo maior e melhor.

Obviamente que me refiro à fé ensinada nas Escrituras – a fé em Deus, a fé em Cristo. A Palavra do Senhor mostra que homens devido à sua fé avançaram rumo à vida que Deus prometera pra eles. Veja o caso de Abraão, o chamado pai da fé: Por causa da fé na Palavra e nas promessas divinas, saiu do seu estado de segurança, saiu do lugar de bem-estar e conforto, para o desconhecido. Se você ler com cuidado o texto de Hebreus capítulo 11 – o chamado galeria da fé, verá que o nome mais citado ali é o de Abraão. Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha, pela fé foi pai com 100 anos de idade, pela fé entregou seu filho a Deus, crendo que Ele era poderoso para o ressuscitar.  Em outras palavras, pela fé, lançou-se nos braços de Deus, e construiu a vida no altar do Senhor, no altar da entrega.

Se atentarmos para o NT, veremos muitos outros casos de fé. Homens e mulheres que correram pra Jesus, por causa da fé, e usufruíram a graça divina. Foram tomados pela benevolência do céu. Foram curados, transformados, abençoados, foram alcançados pelo amor do Pai. Pois tiveram fé, tiveram a coragem de olhar com sinceridade para suas fraquezas, suas limitações, seus pecados, seus medos e entregaram suas vidas a Cristo, ou seja, ousaram lançar-se nos braços do Deus-Pai. Reconstruíram suas vidas. Reinventaram-se. Deram lugar para a esperança.

Minha palavra para você hoje é: viva por fé. Não uma fé-crença que é apenas tradição, não uma fé-cultura que é apenas rotina e costume. Mas uma fé que se entrega, uma fé que causa movimento na vida, rumo ao centro da vontade do Abba. Fé transformadora. Fé inquietante. Fé remidora e redentora. Fé salvadora. Fé no amor e na graça divinos, os quais damos o nome de Jesus Cristo.  

O monge Roger Schutz define fé assim:
A fé, uma vida.
Uma confiança compartilhada e proclamada.
A certeza de ser amado, e de poder, enfim, amar.
E, no entanto, em certas horas,
em certos dias, a dúvida.
Uma espécie de noite em que se procura,
uma promessa, uma herança, uma escolha, uma adesão,
uma busca em comunhão, um testemunho dia após dia,
depois de tantos outros, e antes de muitos outros...
Um Pai que dá seu Filho por amor.
Um Filho que dá a sua vida por amor.
Uma semente pequenina que se torna árvore.
Uma luta, um combate pela paz, pela justiça.
Uma libertação. Uma iluminação.
Uma contemplação serena de um rosto amado.
Uma conversa familiar com um amigo.
No fundo do coração, uma alegria secreta.
No íntimo uma esperança louca.
A fé: uma vida, um amor,
uma fonte que jorra sem cessar,
por toda eternidade.

Creio que não é preciso dizer mais nada.
                                                                            Pastor Laurencie 

Um comentário:

  1. Gosto muito de uma expressão de Juan Luis Segundo, que não cito “ipis literis”: “não a fé em Jesus, mas a fé de Jesus, é isso o que precisamos ter, é a fé que a igreja esqueceu”.

    Um abraço...

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