sábado, 13 de março de 2010

E DISSE JESUS: AMAI-VOS



Hoje, tentando não ser clichê, gostaria de falar a vocês, sobre o amor. Pois acredito que um conceito errado sobre o amor pode implicar numa vida fundamentada em premissas equivocadas. E quando vidas são construídas sobre fundamentos arenosos, o risco de desabamento é muito grande. Infelizmente, esta palavra está muito gasta em nossos dias, está descaracterizada. Diante disso, é muito complicado dizer o que é o amor. Assim sendo, teremos como referência à Palavra de Deus e a analisaremos com toda cautela. 

Poderia, com certeza, citar músicas, frases e poemas de amor. E essas frases, poemas geralmente mostram o amor interpretado como sentimento,  emoção, como desejo, como paixão, como dor, como sinônimo de sofrimento etc. É claro que não tenho a pretensão aqui de subestimar a importância dos sentimentos e das emoções na vida de uma pessoa, mas interpretar o amor, somente sobre este viés, constitui problema e falta de abrangência na análise. Por isso rejeito a tentativa de restringir o amor a seu elemento emocional. Contudo, o que mais me interessa aqui, como já disse, é mostrar qual a interpretação da Palavra de Deus sobre o amor, ou melhor, qual a definição bíblica sobre o amor. Não quero somente fazer uma análise sobre o amor, mas compreender porque é tão importante falar sobre ele nestes dias, e mais importante que falar sobre ele, é vivenciá-lo, experimentá-lo, usufruí-lo.

Quando analisamos os ensinamentos de Paulo, podemos perceber que o amor é um dom (charísmata). Ou seja, é uma dádiva de Deus para que a comunidade chamada igreja possa se edificar mutuamente. É presente do céu a fim de que a igreja tenha condições e ferramentas para abençoar a si mesma. Interessante que quando Paulo apresenta seu texto clássico sobre o amor – I Coríntios 13 – ele o faz tratando-o como caminho. Assim diz: “procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente”. Ou seja, o amor é um caminho a ser trilhado pela vida. Isso implica uma decisão constante e diária pelo amor. Contudo não é um caminho qualquer, é um caminho sobremodo excelente. É um caminho que faz bem pois nele há paciência, há bondade, não há espaço para a inveja, vanglória. Orgulho nem se fala, interesses mesquinhos então, ficam longe desse caminho. O amor diz não para a injustiça, e sim para a verdade. Diante disso, Paulo diz em I Coríntios 14: 01: “Sigam o caminho do amor”. De fato, o amor é um dom para se acolher e um caminho para se seguir.

Dentro do viés paulino ainda, percebemos outra conceituação de amor. Paulo diz que amor é fruto do Espírito de Deus (Gálatas 5.22), melhor dizendo, é uma das características do fruto do Espírito de Deus na vida da comunidade-igreja, é um dos sinais da atuação do Santo Consolador na história e vida de um povo que foi comprado, remido e agraciado pelo sangue de Cristo na cruz do Calvário. O amor, dentro dessa perspectiva, caracteriza a igreja. Quando as pessoas que compõem a mesma se amam, e trabalham e lutam pelas outras (e não contra as outras), estão demonstrando que pertencem ao Senhor, estão enfatizando Sua obra, Sua bondade, Seu Reino. De fato, o amor é um sinal para se mostrar.

O amor não é só um dos elementos primordiais do ensino do apóstolo Paulo, mas de Cristo também. Ele que é a personificação do amor tem autoridade plena para dizer o que essa palavra significa. O amor não é mero sentimento humano, é muito mais do que isso. Cristo ensina através de sua própria vida que amor é uma postura diante da existência, diante de Deus, diante de si mesmo, diante dos outros. É uma atitude no viver, é um jeito de se relacionar, é um jeito de fazer escolhas e instituir prioridades, é uma forma de lidar com os problemas e sofrimentos. Dentro da perspectiva dos ensinamentos de Cristo podemos afirmar: amar é andar a segunda milha, ir além do esperado (Mateus 5.41), é não julgar e condenar (Mateus 7:1), é tocar no leproso e incluí-lo no Reino de Deus, ou seja, é se importar com quem ninguém se importa (Mateus 8:1),  é cuidar de quem precisa – o bom samaritano é um bom exemplo disso (Lucas 10:25 a 37), é consolar quem perdeu toda a esperança (Mateus 11.28), é pegar a toalha e a bacia da humildade para servir aos outros, é pedir perdão e ser perdoador porque Deus o é (Mateus 18:21 a 35), é compreender que o humano está sempre acima das instituições, leis, costumes (Mateus 12.12). É agir com graça porque compreende que Deus é gracioso, benevolente, misericordioso (Mateus 20.1 a 16). De fato, o amor é um jeito de se viver.

Todos nós precisamos nos matricular na escola do amor. Refiro-me ao amor segundo o prisma da Palavra de Deus, obviamente. Não há outra opção para a igreja, ela não tem outra escolha desde que queira ser igreja no sentido integral do termo. Não há outro caminho para as famílias, desde que pretendam ser famílias de verdade. Não há outra opção para cada um de nós, senão o amor, isto é, desde que queiramos ser pessoas que constroem sua história sob a perspectiva da vontade de Deus. Se Deus e sua vontade são relevantes para você, ouça a voz do Senhor que insiste em dizer: “Amai-vos” e responda, sem pestanejar:  “Tudo bem, Senhor. Vou amar”.
                                                                                                           Pastor Laurencie

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