segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Compreendendo o perdão

A teologia é uma linguagem humana sobre Deus com intuito de lidar com as perguntas que a vida nos faz. Por exemplo: como viver uma vida plena? Como enfrentar o sofrimento? Como lutar e clamar por justiça? Como superar a desumanização que o mundo nos impõe? Como ser feliz sem seguir os caminhos da fama, poder e riqueza? Sintetizando: quando fazemos teologia, quando pensamos sobre Deus e Sua vontade, estamos em busca de caminhos que tornem a vida melhor, mais alegre, mais viva, mais justa, mais bela, enfim, mais vida.
Acredito que é impossível discutir sobre uma vida plena, sem passar pelo tema do perdão, simplesmente pelo fato do perdão tratar das coisas que estão no passado. É preciso aceitar: lidar com o passado é complicado. Para alguns, ele é um tipo de bicho de sete cabeças que os persegue assustadoramente, e só traz sofrimento, tristezas sem fim. Assim sendo, a vida se torna difícil de ser vivida no presente, que na verdade, é o único lugar que pode ser vivida, mas nesse caso, sem a beleza e sem a vivacidade que poderia ter. O que era pra ser plenitude, ou pelo menos a busca dela, acaba se tornando um peso por conta dos fatos que estão cristalizados no passado. Kyrie Eleisson! 
               Quando digo que os fatos do passado estão cristalizados, isso significa que eles não podem ser modificados, tocados, mexidos. Não mesmo, sem chance. Muitos se tivessem uma simples oportunidade para voltar e mudar as coisas que estão lá atrás, com certeza, iriam correndo desesperadamente. Contudo, precisamos ser realistas: isso é impossível. Então nos surge uma pergunta: se não podemos voltar no passado para mudar as coisas que aconteceram lá, como lidaremos com o passado? A resposta é simples, mas poderosa: perdão.  
              É preciso ouvir hoje a resposta que o Mestre deu ao questionamento de Pedro há dois mil anos atrás: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus disse: Não sete, mas setenta vezes sete”. Eu ouso dizer que o perdão não é só para o meu irmão ou meu próximo, mas para mim também, ou seja, eu preciso me perdoar pelos erros que cometi no passado. Quantas vezes? Setenta vezes sete, em outras palavras, quantas vezes forem necessárias.
               Há muitas pessoas que estão com suas “artérias da espiritualidade” entupidas porque não perdoam os outros e nem a si mesmas, por isso a vida tem se tornado intragável. Minha palavra é: ouse perdoar, libere perdão, doe perdão e peça perdão também. Limpe, assim, seu coração dos ranços da vida. Essa atitude há de trazer luz e paz sobre o seu caminhar. Este é o jeito divino de lidar com o passado: perdoando.  Pode acreditar, é simples assim mesmo.
               Nós somos imagem e semelhança de Deus, portanto, realizamo-nos somente vivendo à luz dos anseios deste Deus. Então: se Ele é perdoador, também devo ser e isso, com certeza, há de trazer Vida em minha vida. Este é o caminho da graça e da vida abundante. É este caminho que eu vou seguir, hoje e sempre. Amém.                                                                                                                                                                               Pastor Laurencie     

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