segunda-feira, 26 de julho de 2010

TEOLOGANDO NO CHÃO DA VIDA





Podemos chamar de Teologia todo discurso, pensamento, conceituação, percepção sobre Deus. Toda pessoa tem uma teologia, isto é, tem uma forma de compreender a Deus. E vale ressaltar que o modo como uma pessoa compreende Deus é determinante no modo desta pessoa lidar com sua vida. Vale dizer ainda que existem teologias boas e teologias péssimas. Como diz um pastor conhecido meu: “teologia é igual a comida: se for boa, faz muito bem, mas se estiver estragada, pode até matar”. Como a teologia é tão importante na jornada da vida, vale a pena pensar com carinho nela.  
Para um cristão verdadeiro, só é possível fazer teologia a partir da vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré, ou seja, para o cristão o que importa é a teologia cristã. Assim sendo, o modo como um cristão compreende Deus é determinado essencialmente por aquilo que Jesus revelou sobre Deus. O próprio Salvador disse: “quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9). Por isso afirmo com toda convicção que uma teologia genuinamente cristã só pode ser feita sob a perspectiva da graça divina que Jesus revelou de maneira maravilhosa que as palavras são insuficientes para expressá-la.  
É importante dizer que a teologia é sempre uma construção humana, e por isso está sujeita a erros. Por isso deve ser feita com toda humildade, atentando sempre e com profundidade para a Palavra de Deus que é a fonte segura de revelação sobre Cristo, e por sua vez, sobre o Deus-Abba Pai.
 A minha teologia foi sendo feita a partir do meu encontro com Cristo, através da exposição da Sua Palavra a mim por meus pais e alguns amigos que caminharam e caminham comigo pela vida e também por alguns autores tais como Philip Yansey, Eugene Peterson, Martinho Lutero, Dietrich Bonhoeffer, Ed René Kivitz, Ricardo Gondin, Carlos Queiroz, René Padilha, Leonardo Boff, Carlos Mesters, Rubem Alves, Robinson Cavalcante, Julio Zabatiero e muitos outros que convidei, por meio da leitura, para serem companheiros da minha jornada.  A Palavra de Deus, meus amigos e esses autores me ajudaram a compreender que quando eu me entrego a Deus, Ele me manda de volta para os outros, isto é: para as pessoas, meus amigos, colegas, vizinhos, irmãos e irmãs, minha esposa, enfim, para o meu próximo. Em outras palavras, aprendi que não existe relacionamento unilateral com Deus. Ao me comprometer com Deus, estou concomitantemente me comprometendo com as pessoas. Amar a Deus implica necessariamente em amar o próximo.
Assim, afirmo que minha teologia é construída no chão da vida, na realidade, no contexto do cotidiano. Faço teologia, discurso e penso sobre Deus sem me esquecer dos pátios das escolas e das fábricas, dos corredores dos hospitais, daqueles que sofrem, daqueles que choram e são injustiçados todos os dias neste mundo mau. Minha teologia é fundamentada na graça de Deus manifestada plenamente em Cristo. Sem a graça nada faz sentido para mim. Assim, assumo o compromisso de me engajar na luta por um mundo melhor, porque acredito que a vida abundante não pode ser empurrada somente para depois da morte. Assumo o compromisso, pela graça, de ser misericordioso e perdoador porque Deus o é. Assumo o compromisso de abandonar o moralismo, formalismo, tradicionalismo, tudo aquilo que me impede de ver a Deus como Ele é. Este é o caminho que vou seguir, hoje e sempre.
                                                                                                                                Pastor Laurencie     

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