quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Natal pé no chão

[...] e ela teve seu filho primogênito; envolveu-o em panos e o colocou em uma manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria”. (Lc 2.7)
                Quem não fica encantado com a cidade na época do Natal?! Luzes, pinheiros, mais luzes, mesas fartas, troca de presentes etc... A priori não há nenhum problema nisso. Mas será que diante da onda de consumismo que se apresenta em geral nessa época não corremos o risco de perder o foco Naquele que é a razão e o sentido do Natal? O que a bíblia nos ensina sobre isso?
                Atentando para a Palavra Divina compreendemos que o Natal – o nascimento de Jesus – trata sobre o grande Mistério da encarnação. Assim sendo, no Natal podemos lembrar ao nosso coração que Deus bondosa e graciosamente se fez homem. Nas palavras do apóstolo do amor: “O Verbo se fez carne”. Mais misteriosa ainda é a situação como Deus decidiu enviar seu Filho, o Verbo: Jesus nasceu milagrosamente de uma jovem virgem, a saber, Maria que era noiva de um tal José da tribo de Judá, ambos, por sinal, paupérrimos. Foi assim que se deu o nascimento de nosso Senhor – em absoluta simplicidade e pobreza numa cidade sem muita importância, num lugar reservado para os animais. O que isso tem a nos dizer?
                      É evidente que o Natal não tem nada a ver com o consumismo, não tem a ver com o poder de compra que uma família tem, não tem a ver com os shoppings lotados, não tem a ver com o bom velhinho, nem com seus duendes, não, nada disso. Natal não está relacionado ao “ter” ou “possuir”, está sim, ligado ao “ser”. Especialmente, ser para Deus. Sendo e existindo para Deus compreendemos que no verdadeiro Natal, Ele, o Magnífico, na pessoa de seu Filho, doa-se, humilha-se, esvazia-se, empobrece-se, coloca-se deliberada e superlativamente em estado de sofrimento.
                O modo como Deus vem e age em Jesus cria para nós um paradigma, um modelo de ser e existir – Cristo, o Filho do Deus Altíssimo, veio em pobreza para que nós fossemos ricos em alegria, compaixão e generosidade. No Natal devemos compreender que Deus nos amou de tal maneira que nos deu o seu Filho. Perceba que o Natal marca um ato supremo de doação de Deus.
                Isso posto, esclarecemos: Natal – pé no chão é acolher o grande amor de Deus manifestado em seu Filho Jesus Cristo e se colocar a Sua disposição para demonstrar em atos e palavras tão grande e genuíno amor. É não desprezar ou fazer ouvido moco aos que sofrem e são oprimidos todos os dias pela dura realidade. É viver e celebrar a simplicidade e a humildade. É doar-se ao Deus de graça e investir existencialmente na Sua causa de restaurar e trazer esperança aos homens e mulheres.      
                Por isso, desafio-o, neste ano de 2010, a celebrar um Natal – pé no chão. Comemore seu Natal assim: agradeça a Deus por Jesus e demonstre sua gratidão através de atos de bondade que expressem alegria, compaixão e generosidade. Quem celebra o Natal – pé no chão é porque está verdadeiramente com a cabeça e o coração em Cristo. Pense nisso!
                                                                                                                                                             Pr. Laurencie

sábado, 13 de novembro de 2010

Eu, um eterno mendigo

Sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim” (Salmo 40.17a)
Certamente a palavra mendigo é uma palavra extremamente forte e causa má impressão e traz várias imagens negativas àquele que a ouve. E dificilmente alguém ousaria usar tal substantivo para se referir a si mesmo. Segundo a Wikipédia – a enciclopédia livre: Mendigo ou mendicante é “o indivíduo que vive em extrema carência material, não podendo garantir a sua sobrevivência com meios próprios. Tal situação de indigência material força o indivíduo a viver na rua, perambulando de um local a outro, recebendo o adjetivo de vagabundo, ou seja, aquele que vaga, que tem uma vida errante. O estado de indigência ou mendicância é um dos mais graves dentre as diversas gradações da pobreza material”. Enquanto que sociologicamente falando a palavra mendigo tem conotação pejorativa, quando pensamos na relação do ser humano com o Deus de toda graça, isto é, teologicamente, tal palavra cai como uma luva.

Certa vez o Senhor Deus disse ao mendigo Jó: “quem primeiro deu a mim, para que eu lhe retribua? Tudo o que existe debaixo do céu é meu” (Jó 41.11). O apóstolo Paulo expressou a seguinte doxologia: “quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja recompensado? Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente. Amém” (Rm 11.35 e 36).  Paulo sabia bem do seu estado de mendicância diante de Deus, ele mesmo disse: “Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.[...]Quem se gloriar, glorie-se no Senhor (I Co 1.28, 29 e 31). Perceba que a palavra mendigo expressa bem o que Paulo disse, afinal, o mendigo é insignificante, é desprezado e é considerado e tratado como nada. Mas não para Deus, não é?! Afinal, foi a esse ou a esses que Ele, misteriosamente, escolheu. 

Essa incapacidade humana de dar, ou merecer ou fazer coisas para Deus, por si mesmo, podemos dar o nome de mendicância espiritual. Um mendigo só comerá se alguém o der, e só usará as roupas que ganhar, e carecerá diária e constantemente de favores e atos de misericórdia. O mesmo vale para cada um de nós diante de Deus, visto que “ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3.27). João, o Batista, sem ressalvas, compreendeu seu estado de mendigo  e sua indignidade diante daquele que se chama Salvador – “não sou digno nem de carregar suas sandálias” (Mt 3.11) e sua postura e oração foi a de um mendigo espiritual: “convém que ele, o Cristo, cresça e eu diminua” (Jo 3.30).

É preciso aceitar, à luz dos ensinamentos da Palavra, que eu sou um eterno mendigo diante de Deus, sou pequeno e fraco, pobre e necessitado, não tenho nada a oferecer, não há razões e nem sentido em sentir orgulho por qualquer coisa que seja, careço diária e assiduamente dos favores e dos atos de misericórdia e graça do céu.

A um mendigo espiritual por definição e convicção cabe bem a humildade, a contrição, a simplicidade no viver, a solidariedade com os outros mendigos amigos e companheiros de caminhada. Cabe ainda a ausência de julgamento e pré-conceitos em relação aos próximos que sucumbiram diante da complexidade da vida. Os mendigos não criam estereótipos de outrem, pois não há nenhum mendigo que não tenha culpa no cartório, uma vez que “todos pecaram e são carentes” (Rm 3.23a). Tenho boas notícias aos mendigos espirituais, boas novas de alegria e esperança, pois “assim diz o Alto e Sublime, que habita na eternidade e cujo o nome é santo: Habito num lugar alto e santo, e também com o contrito de coração e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes e o coração dos contritos” (Is 57.14 e 15). Os espiritualmente mendicantes não tem nada a oferecer, são desprezados e ridicularizados no mundo, contudo, é com eles e neles que Deus habita.

Lembre-se que aceitação de nossa mendicância em relação a Deus não nos menospreza ou nos humilha, mas nos eleva, pois nos traz à consciência o fato de que a vida, em todas as suas dimensões, é fruto da graça. É fruto da pré- disposição divina em agir com bondade e misericórdia para conosco, os mendicantes. Foi João que disse: “pois todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça” (Jo 1.16). Precisamos admitir de uma vez por todas: “nossas insignificantes obras não nos dão o direito de regatear com Deus. Tudo depende do seu bom prazer” (Brennan Manning).

Encerro parafraseando Jesus: “Superlativamente felizes são os mendigos espirituais, pois deles, somente deles, é o reino dos céus” (Mt 5.3).
                                                                                                              Pr. Laurencie   
  

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma carta ao meu irmão Fulano de Tal

           Olá querido irmão Fulano de Tal. Tenho observado seu semblante nos últimos dias, percebo com tristeza e preocupação seu abatimento. Eu tenho visto que seu ânimo não é mais o mesmo. Aquela empolgação parece que já não existe mais. Se eu fosse como os amigos de Jó, diria que você está com algum tipo de pecado nas costas, mas eu não sou como eles, não vejo a vida à luz do pecado somente, vejo-a também e principalmente à luz da graça divina. E a graça de Deus, meu caro, é aquilo que há de melhor no cristianismo. Na verdade, a graça é o coração do cristianismo. Por isso quando olho para alguém, independentemente de quem seja, faço isso sob a perspectiva da graça, por isso me junto a você e me solidarizo com sua dor e tempo de tristeza, sem fazer pré-julgamentos.

            O que você está vivenciando neste momento, meu amigo, é o que alguns estudiosos chamam de esgotamento espiritual. Devido a isso que sua fé está um tanto quanto cansada, desmotivada, desanimada e entristecida. Vou ser realista com você, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, todavia, existem caminhos que poderão lhe auxiliar a superar este tempo de crise. Aliás, vale dizer que crise, para aquele que confia em Deus, é uma oportunidade de crescimento.
            Olha, antes de compartilhar sobre alguns caminhos que poderão lhe ajudar a superar o esgotamento espiritual, quero pensar com você em algumas hipóteses sobre o que poderia ter causado isso. Devemos considerar que a vida é bastante complexa. É dialética – uma mistura de tristezas e alegrias, sonhos e decepções. Às vezes o sofrimento vem em doses fortes e temos que tomá-lo, meu caro. Talvez seja isso que tenha propiciado o surgimento do seu esgotamento espiritual: as desilusões da vida. Você pode ter sido engolido pelas circunstâncias difíceis da existência. Sabe Fulano de Tal pra você que é evangélico, tenho outra hipótese ainda: as estruturas religiosas, em muitos casos, acabam trazendo decepção sobre decepção, e daí surge o esgotamento. Em muitos casos, as estruturas religiosas tornam as boas notícias de Jesus Cristo em péssimas notícias, tornam a graça em longas listas de regras e regras, tornam a adoração legítima em religiosidade rotineira. Temos que admitir, meu caro, que sua própria religiosidade e a religiosidade de quem está próximo a você, podem ter aberto caminho para que o esgotamento espiritual chegasse. Por último, considero a hipótese ainda de que talvez você tenha tratado sua espiritualidade com displicência e negligência. Talvez você tenha achado que ir se encontrar com a igreja uma vez por semana, e ouvir alguém falar sobre a Bíblia no domingo fosse suficiente para produzir maturidade cristã. Mas agora, você percebe na própria pele que as coisas não são bem assim. Acredito que este tempo de esgotamento espiritual é uma excelente oportunidade para você quebrar paradigmas.
            Como disse, não existem fórmulas mágicas para vencer o esgotamento, mas existem caminhos de solução. Creio que o primeiro passo para enfrentar isso é você olhar com sinceridade para si mesmo e admitir esse problema. Não se esqueça de orar bastante, afinal oração significa dependência de Deus. Leia bons livros sobre o assunto para ver como outras pessoas passaram e enfrentaram tempos assim. Converse bastante com seus amigos, peça ajuda. Não sofra sozinho. Lembre-se que apesar da religião ser uma força que em muitos casos traz malefícios, existem muitas pessoas que são de Deus mesmo e estão perto da gente e estão profundamente interessadas em nossas vitórias. Força amigo. O Senhor é contigo.   De seu amigo e irmão: Pastor Laurencie

domingo, 26 de setembro de 2010

Seu nome é Salvador



            Com certeza, uma das afirmações mais reconfortantes e esperançosas do Novo Testamento está na carta aos Hebreus 13.8 que diz: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Saber que Jesus é hoje o mesmo que pisou por esta terra dois mil anos atrás enche o coração de alegria e de paz, pois se ele é o mesmo, sua missão também é a mesma, e ele próprio define sua missão assim: “eu vim buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10). Não há como negar, Jesus, o Cristo, está em busca daqueles que estão se perdendo, afinal, ele é o mesmo ontem, hoje e sempre.
            A bíblia deixa bem claro quem são aqueles que estão se perdendo: são os que estão mergulhados no pecado, ignoram a vontade divina e vivem sua vida como se fosse conquistada por sua própria força. São os que zombam de Deus achando que são seres independentes e autônomos do Senhor e constroem sua história ignorando o fato que Deus existe e se importa com tudo o que acontece por aqui. São os que vivem no egocentrismo achando que o universo gira em torno de sua própria cabeça, e por isso não conseguem ver o mundo sofredor com um olhar caridoso, e muito menos, conseguem se compadecer. São os que se prostraram e se prostram todos os dias diante de ídolos inventados por sua própria mente, tais como dinheiro, poder, fama, sucesso, sexo, drogas, prazer desenfreado e sacrificam sua existência no altar da mentira. Os que estão se perdendo são os que disseram não para o Cristo de Deus e disseram sim para si mesmos, para seus pecados e seus caminhos desencaminhados. São os orgulhosos que dizem a si mesmos: “ó alma – descansa, come, bebe e alegra-te” (Lucas 12.19) pois cheguei no auge da vida com minha própria força e sabedoria, todavia não atentaram para as palavras do Mestre: “a vida de um homem não consiste naquilo que ele possui” (Lucas 12.15). Os que estão se perdendo são os que se conformaram com o mundo, aceitaram a sua própria desumanização ou coisificação, relativizaram o absoluto e ‘absolutizaram’ o relativo. Dão importância demasiada ao que não é importante, e rejeitam o essencial, a saber: Deus. Os que estão se perdendo gastam sua vida com a vaidade, com aquilo que é palha e neblina, coisas tão passageiras quanto um piscar de olhos. A esses o Salvador quer salvar, e lhes convida: “se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24).
             O mundo construído sobre paradigmas rebeldes em relação a vontade de Deus só produz dor, tristeza e sofrimento. O produto final dessa conta é o caos que vivemos e vemos todos os dias: mundo individualista, miséria, injustiça, epidemia de drogas, violência doméstica, mortes prematuras, religiões enganadoras e opressoras, a política feita para o bem próprio e não para o bem comum, famílias destruídas e sem referencial e por aí vai. Diante de tal quadro, percebe-se o cansaço das pessoas, o medo, a angústia, a sobrecarga de viver a vida num mundo tão mau. A essas pessoas o Salvador quer salvar. Ele diz: “vinde a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. [...] aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e acharão descanso para a sua alma” (Mateus 11.28 e 29).
            Uma condição sine qua non para a salvação é o compreender-se perdido, e caminhar em direção àquele que é o caminho, a verdade e a vida (João 14.6), ou seja, Jesus Cristo, o Filho de Deus.
            Saiba que Cristo Jesus, aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente quer salvar a sua história da tolice de viver a vida em vão. Quer salvar sua existência da irrelevância. Quer salvar sua vida do lamaçal do pecado e do egoísmo e lhe firmar os pés na rocha a fim de que usufrua a vida eterna que o Pai dá, por meio do Filho e através do Espírito Santo. Pense e responda: se Jesus é o Salvador, e se ele está profundamente interessado em sua vida, por quê perder-se?! Saiba que hoje é o tempo de abrir a porta do coração para aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Faça isso! E que assim seja.
                                                                  Pr. Laurencie


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dependência ou morte!

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos Céus”. (Mateus 5.3)
            
         Terça-feira, dia 07 de setembro, será comemorada mais uma vez a independência do Brasil. Quando estávamos na escola aprendemos que esse ato foi feito por D. Pedro I, às margens do rio Ipiranga, com o famoso grito: “Independência ou morte”. Na verdade, quem tem um pouco de senso crítico, sabe que as coisas não foram bem assim, por duas razões pelo menos: primeiro que a independência não foi um ato isolado de D. Pedro I, mas sim um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial feito pela aristocracia rural do país por interesses econômicos, obviamente. Em segundo lugar, a independência restringiu-se a esfera política não alterando em nada a realidade sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características do período colonial. A grande verdade é que a independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas, ou seja, os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 
 Isso mostra que a forma como a independência do Brasil é-nos contada é uma grande farsa, é uma mentira. Só para termos a impressão de que algo foi feito de maneira heróica por aqui. Doce ilusão.
            Na verdade, usei esse assunto da independência do Brasil como pretexto para dizer que na vida cristã a palavra independência não existe, pelo menos não deveria existir. Foi essa a proposta que Serpente fez para Adão e Eva no Edén: “comam do fruto de conhecimento do bem e do mal e dêem seu grito de independência de Deus”. Isso foi uma grande mentira, tal qual a forma como a independência do Brasil é-nos ensinada.
            A bíblia ensina que o ser humano entregue a si mesmo – independente – só produz a mentira, a injustiça, a opressão, a ganância, a violência, enfim, o caos. Jesus, nosso Senhor, mostra-nos outro caminho, Ele brada o grito da dependência: “bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos Céus”, em outras palavras, o Mestre está ensinando que a verdadeira felicidade, a vida plena, acontecerá somente na dependência absoluta de Deus.
            Os pobres em espírito são aqueles que sabem que nada têm a oferecer a Deus, por isso confiam desesperadamente na graça divina, são aqueles sobrecarregados que aprenderam a descansar à sombra do Senhor, são aqueles que possuem joelhos vacilantes e fracos e tem plena consciência que não se bastam a si mesmos de forma alguma, são aqueles que olham para si mesmos com sinceridade e dizem: “sou um pecador e careço da glória de Deus em minha vida”, são aqueles que sabem que a vida entregue a si mesma, na própria força e na independência do ser será um grande desapontamento para Deus. Jesus, como sempre, tinha razão: Felizes aqueles que nada têm, mas encontraram tudo no Deus gracioso.      
             Um sinônimo para a palavra independência é liberdade, e apesar do Brasil ter soberania em seus territórios, ser autônomo em suas leis, está muito longe de ser um país livre, o que reina por aqui, na verdade, é a escravidão em vários sentidos. O grito de D. Pedro I, possivelmente nunca existiu, se existiu, foi só um grito pomposo e demagógico para esconder as verdades. Já o grito de Cristo é a mais pura verdade: “Dependência (de Deus) ou morte”.   Pr. Laurencie


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Libertação ou escravização?!




Não há como negar: a religião é uma coisa perigosa. Quem dera toda religião fosse como aquela descrita por Tiago: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1.27). Mas a realidade está bem distante disso. Lamentável. A grande questão é que a religião deveria apontar para Deus, mostrando assim, o caminho da salvação, da cura das feridas, do consolo para o coração, contudo, em muitos casos, ela se coloca no lugar de Deus; dessa forma, não mostra ou ensina o caminho da salvação, mas quer ser a própria salvação, não aponta para Aquele que pode tratar das feridas da alma, mas quer ser a própria cura. Qual a consequência disso?! Em vez do ser humano se tornar livre pelo poder e graça de DEUS, acaba sendo escravizado por conta dos descaminhos da religião.  
 Os cultos chamados cultos de libertação são um claro exemplo disso. Você já reparou que tais cultos acontecem toda semana? Você sabia que geralmente são as mesmas pessoas que frequentam a esses cultos? Eu fico me perguntando: Ora, será que a libertação que provém de DEUS dura só uma semana? Por que as pessoas precisam ser libertas em toda semana? Será que é possível ter hora e dia marcados para a libertação? Será que a libertação acontece somente no espaço do templo? Entenda que esses chamados cultos de libertação são, na verdade, puro marketing com intuito de trazer as pessoas a igreja. Elas acabam por ficar escravas disso, tão dependentes como qualquer tipo de viciado. Ah religião, religião que endurece os corações, traz altivez a alma e aliena da realidade! Triste veredicto esse.
                JESUS foi extremamente rígido com os religiosos de sua época, afinal, eles estavam completamente cegos pelo tradicionalismo de sua religião. Tornaram-se, pela força da religião, escravos e escravizadores. O SENHOR disse: “os escribas e fariseus [...] atam fardos pesados e difíceis de carregar e os colocam sobre os ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” (Mt 23. 2 e 4). É nisso que uma religião que não considera a vontade de DEUS se torna: um verdadeiro fardo, um peso, uma enganação, uma falsa promessa de vida, um blefe, uma alienação, enfim, escravização.
                Você consegue perceber que isso não tem nada a ver com JESUS? Como poderia o INVENTOR DA LIBERDADE escravizar as pessoas em regras, programas, supostos cultos de libertação, usos e costumes? Paulo disse: “para a liberdade que CRISTO nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não vos sujeiteis novamente a um jugo de escravidão” (Gl 5.1).     
                Portanto, fique atento com as coisas que ouve por aí. Lembre ao seu coração que CRISTO nos vocacionou para a liberdade. Pra quem se rende a CRISTO e obedece aos seus mandamentos a liberdade se torna companheira de jornada. Isso é uma prerrogativa da obra de CRISTO na vida de uma pessoa, e não de programas de marqueteiros religiosos.
                Não fique, então, muito feliz consigo mesmo por ser religioso, pois isso pode não significar muita coisa, pelo menos não diante de DEUS. Vale dizer que o SENHOR não cabe dentro de nenhuma religião, mas por bondade, cabe dentro do coração. Encerro citando palavras de um pastor amigo meu: “Você hoje terá um dia inteiro para pensar e decidir sobre a sua liberdade. Liberdade de estar na presença de Deus, de dar prioridade à vida, vivenciar valores, praticar a misericórdia, amar o amor ou amar o amar. Ser livre para ser do Senhor, ser do Senhor para ser livre”. Pense nisso!                                   
                                                                                 Pr. Laurencie




segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Compreendendo o perdão

A teologia é uma linguagem humana sobre Deus com intuito de lidar com as perguntas que a vida nos faz. Por exemplo: como viver uma vida plena? Como enfrentar o sofrimento? Como lutar e clamar por justiça? Como superar a desumanização que o mundo nos impõe? Como ser feliz sem seguir os caminhos da fama, poder e riqueza? Sintetizando: quando fazemos teologia, quando pensamos sobre Deus e Sua vontade, estamos em busca de caminhos que tornem a vida melhor, mais alegre, mais viva, mais justa, mais bela, enfim, mais vida.
Acredito que é impossível discutir sobre uma vida plena, sem passar pelo tema do perdão, simplesmente pelo fato do perdão tratar das coisas que estão no passado. É preciso aceitar: lidar com o passado é complicado. Para alguns, ele é um tipo de bicho de sete cabeças que os persegue assustadoramente, e só traz sofrimento, tristezas sem fim. Assim sendo, a vida se torna difícil de ser vivida no presente, que na verdade, é o único lugar que pode ser vivida, mas nesse caso, sem a beleza e sem a vivacidade que poderia ter. O que era pra ser plenitude, ou pelo menos a busca dela, acaba se tornando um peso por conta dos fatos que estão cristalizados no passado. Kyrie Eleisson! 
               Quando digo que os fatos do passado estão cristalizados, isso significa que eles não podem ser modificados, tocados, mexidos. Não mesmo, sem chance. Muitos se tivessem uma simples oportunidade para voltar e mudar as coisas que estão lá atrás, com certeza, iriam correndo desesperadamente. Contudo, precisamos ser realistas: isso é impossível. Então nos surge uma pergunta: se não podemos voltar no passado para mudar as coisas que aconteceram lá, como lidaremos com o passado? A resposta é simples, mas poderosa: perdão.  
              É preciso ouvir hoje a resposta que o Mestre deu ao questionamento de Pedro há dois mil anos atrás: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus disse: Não sete, mas setenta vezes sete”. Eu ouso dizer que o perdão não é só para o meu irmão ou meu próximo, mas para mim também, ou seja, eu preciso me perdoar pelos erros que cometi no passado. Quantas vezes? Setenta vezes sete, em outras palavras, quantas vezes forem necessárias.
               Há muitas pessoas que estão com suas “artérias da espiritualidade” entupidas porque não perdoam os outros e nem a si mesmas, por isso a vida tem se tornado intragável. Minha palavra é: ouse perdoar, libere perdão, doe perdão e peça perdão também. Limpe, assim, seu coração dos ranços da vida. Essa atitude há de trazer luz e paz sobre o seu caminhar. Este é o jeito divino de lidar com o passado: perdoando.  Pode acreditar, é simples assim mesmo.
               Nós somos imagem e semelhança de Deus, portanto, realizamo-nos somente vivendo à luz dos anseios deste Deus. Então: se Ele é perdoador, também devo ser e isso, com certeza, há de trazer Vida em minha vida. Este é o caminho da graça e da vida abundante. É este caminho que eu vou seguir, hoje e sempre. Amém.                                                                                                                                                                               Pastor Laurencie